CÁBULA
Um estudo conduzido pelo docente universitário António Luís Julião, abrangendo dez províncias de Angola, trouxe à tona uma realidade preocupante: a maioria dos estudantes admite recorrer à cábula para obter melhores resultados nos exames. O fenômeno, segundo o pesquisador, reflete uma crise no sistema educacional que envolve tanto os alunos quanto os professores.
António Julião critica a falta de exames que estimulem a reflexão e o pensamento crítico, apontando que muitos docentes exigem a transcrição literal de conteúdos, perpetuando a memorização mecânica em detrimento do raciocínio independente. Por outro lado, ele também responsabiliza os próprios estudantes, que em sua maioria carecem de um hábito consistente de leitura e estudo.
A pesquisa revela ainda que a prática de fraude acadêmica, como a cábula e o plágio, se tornou "banalizada", especialmente em monografias e trabalhos de conclusão de curso. Entre os fatores que impulsionam esse comportamento estão a ausência de empenho dos estudantes e a insistência em métodos de ensino ultrapassados.
Para António Julião, a solução exige esforços coordenados entre alunos, professores e instituições. "É preciso repensar urgentemente a maneira como ensinamos e avaliamos, incentivando a leitura, a análise crítica e a honestidade intelectual", afirmou o docente.
A revelação do estudo deixa uma reflexão: o que será necessário para quebrar o ciclo de desonestidade e transformar o panorama educacional angolano?