Comissões disparam: BAI e BFA devem lucrar mais de 35 milhões USD por ano com cartões bancários


BANCA

O sistema bancário angolano vive um momento de forte contestação por parte dos clientes devido à recente actualização das comissões cobradas por serviços bancários, com especial destaque para o aumento das anuidades dos cartões de débito. O Banco Angolano de Investimentos (BAI) lidera essa tendência e poderá ser o maior beneficiado financeiramente.

O BAI, que multiplicou por 10 o valor da anuidade dos seus cartões de débito — de 1.500 Kz para 15.000 Kz —, deverá arrecadar cerca de 26,6 mil milhões de kwanzas por ano com esta cobrança, o que equivale a aproximadamente 29,2 milhões de dólares, segundo o câmbio actual do BNA. O cálculo tem por base os 1,8 milhões de cartões activos sob gestão do banco. Este novo encaixe poderá impulsionar ainda mais os resultados do BAI, que já registou lucros de 157 mil milhões Kz em 2024, o segundo maior lucro do sector.

O BFA, por sua vez, ainda mantém a anuidade dos cartões multicaixa nos 3.000 Kz, mas mesmo assim deve arrecadar cerca de 5,1 mil milhões Kz — o equivalente a 5,6 milhões de dólares — graças ao elevado número de clientes que possui, sendo o banco com a maior base de clientes no país.

As alterações ocorrem num momento delicado, em que os reguladores financeiros e o Governo intensificam esforços para ampliar a inclusão bancária no país. Actualmente, apenas 32% da população adulta possui conta bancária, enquanto cerca de 80% da economia ainda opera na informalidade. A elevação dos custos bancários levanta dúvidas sobre a eficácia dessas metas e o real compromisso do sector com a bancarização da população.


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