BANCOS ANGOLANOS
Abrir uma conta bancária em Angola tornou-se um obstáculo quase intransponível para grande parte da população. Um levantamento do jornal Valor Económico revelou que pelo menos sete bancos do país exigem valores muito acima do salário mínimo nacional, atualmente fixado em 70 mil kwanzas.
O caso mais extremo é o do banco russo VTB, que cobra 3 milhões de kwanzas apenas para abrir uma conta — o equivalente a quase 43 salários mínimos. Isso significa que um trabalhador que ganha o mínimo levaria cerca de quatro anos para juntar esse montante, sem gastar absolutamente nada.
Outros bancos também praticam valores elevados: o Banco de Investimento Rural (BIR) cobra 1 milhão de kwanzas, o Banco de Crédito do Sul (BCS) exige 500 mil, e bancos como o Valor, Caixa Angola e Keve pedem 250 mil. Já o banco Yetu exige 150 mil kwanzas. Em contraste, apenas o BAI e o BFA mantêm valores mais acessíveis, cobrando 40 mil e 50 mil kwanzas, respectivamente — valores ainda altos, mas mais próximos da realidade da maioria dos angolanos.
Essa realidade contrasta com os objetivos da Estratégia Nacional de Inclusão Financeira (ENIF), que busca ampliar o acesso da população aos serviços bancários. Com custos tão elevados para a simples abertura de conta, muitos cidadãos continuam à margem do sistema financeiro, justamente aqueles que a política pública pretende alcançar.